sábado, 22 de agosto de 2009

Inclusão na UFRGS: Programa Incluir


CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, SÁBADO, 22 DE AGOSTO DE 2009

Aluno de baixa visão supera desafios e se forma na UFRGS

MARIANA BAIERLE SOARES

'Tenho orgulho de trabalhar no Programa Incluir, da Ufrgs, e colaborar para que outros alunos com necessidades especiais possam se formar', afirma Rafael Faria Giguer, 23 anos. O acadêmico, que possui baixa visão ou visão subnormal – acuidade visual abaixo dos 30%, formou-se ontem em Engenharia de Materiais, na Ufrgs, e inicia a vida profissional contribuindo com a inclusão de outros alunos com necessidades especiais.Rafael prestou concurso público e, desde maio deste ano, trabalha na universidade no Programa Incluir, como assistente em administração. O formando já representa uma nova era da inclusão no Brasil: apesar de haver um longo caminho a ser percorrido, muitos desafios estão sendo alcançados. Sua deficiência visual é parcial – possui 5% de visão em um olho e 10% no outro.Desde o segundo semestre de 2008, o Programa Incluir da Ufrgs atende os alunos e adapta materiais pedagógicos. Portanto, durante a sua formação, Rafael não contou com este apoio. 'Engenharia é um curso difícil. Para mim, foi um pouco mais', explica o novo engenheiro, que se graduou com grau máximo em sua monografia de conclusão de curso. O fato de possuir baixa visão acaba contribuindo com a função que ele exerce hoje no Programa. 'Falo a mesma língua dos deficientes visuais e os compreendo com facilidade', argumenta.Como funcionário da instituição, Rafael atende aos acadêmicos, professores e servidores, encaminhando ações que promovam a inclusão e a acessibilidade. No vestibular, ele fez a prova em fontes de texto ampliadas e recebeu auxílio de um ledor. 'Porém, assim que ingressei na faculdade, tive que me virar por conta própria', recorda. Mas Rafael demonstra motivação e persistência, além de enfrentar preconceito de algumas pessoas. 'Teve um professor que, por falta de conhecimento, chegou a dizer que eu deveria largar o curso', lamenta. Quanto aos colegas, 'nunca tive dificuldades de me relacionar, sempre recebi apoio de pessoas maravilhosas', garante. 'Apesar das dificuldades que enfrentei, tenho orgulho da minha universidade e sei que ela pode ser de qualidade para outros alunos especiais', afirma. Na Engenharia, obteve boas notas. Foi aluno dedicado e empenhado, com mais dificuldades em algumas disciplinas, como qualquer estudante. 'O deficiente visual não é mais nem menos capaz que os demais alunos. Contudo, para mim, é um pouco mais trabalhoso estudar, pois dependo da adaptação dos textos', avalia.Projeto da Ufrgs e dados do Censo Programa Incluir-A proposta surgiu de um edital de fomento do Ministério da Educação, voltado à promoção de ações de acessibilidade e inclusão nas universidades federais brasileiras.-O Programa busca eliminar barreiras pedagógicas, de comunicação e arquitetônicas, garantindo o acesso e a permanência de acadêmicos, servidores e professores com necessidades especiais decorrentes de cegueira, baixa visão, mobilidade reduzida, deficiência auditiva, altas habilidades e superdotação.-Detalhes: programaincluir@gmail.com e (51) 3308-3921.Censo 2000-Segundo dados do último Censo, do ano 2000, no Brasil existem 16.644.842 pessoas cegas ou com baixa visão, o equivalente a 9,8% da população brasileira. -A deficiência visual é a que tem maior incidência na população, visto que o universo de pessoas com algum tipo de necessidade especial no Brasil é na ordem de 24.600.256 de habitantes, o equivalente a 14,48% da população. -No Rio Grande do Sul, são 980.051 deficientes visuais; e, em Porto Alegre, o número é de 116.329.

Satisfeito, Rafael formou-se ontem em Engenharia de Materiais

FOTO: CARLA BIANCHINI / ESPECIAL / CP

Fonte:
http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A114/N326/html/10ALUNO9.htm

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