sábado, 3 de julho de 2010

Universidade norte-americana desenvolve carro especial para cegos


Um cego pode se capacitar a dirigir um carro? Pesquisadores americanos estão tentando transformar esse desejo em uma realidade acessível a todos. A Federação Nacional dos Cegos dos EUA e a universidade Virginia Tech planejam apresentar no ano que vem um veículo equipado com uma tecnologia que permite aos cegos conduzir um carro sem auxílio de outra pessoa.

Chamada “interfaces não visuais”, a tecnologia utiliza sensores que transmitem ao motorista informações sobre o que está ao seu redor: se um outro veículo ou objeto está próximo, em sua frente ou em outra faixa. Essa iniciativa está sendo considerada uma conquista para os cegos tão grande quanto foi para a humanidade o homem ter chegado à Lua. Dirigir um carro sem poder enxergar era tido como impossível. Por isso, os pesquisadores esperam que o projeto revolucione os conceitos de mobilidade e desafie as limitações.

– Estamos explorando áreas que anteriormente eram consideradas inexploráveis. Estamos nos afastando da teoria de que a cegueira acaba com a capacidade dos seres humanos de contribuir com a sociedade – destaca Marc Maurer, presidente da Federação Nacional dos Cegos dos EUA.

O sistema vai ser colocado à prova em janeiro, quando um Ford Escape modificado será apresentado na famosa corrida de Daytona, na Flórida. Uma das interfaces, chamada DriveGrip, usa luvas com dispositivos vibratórios em áreas que cobrem as dobras dos dedos. As vibrações indicam ao motorista onde e quando fazer a curva, por exemplo. Outra interface, chamada AirPix, é um tablet com múltiplos buracos. O ar comprimido que sai do equipamento ajuda a informar o motorista do que está ao seu redor, criando uma espécie de mapa dos objetos que estão perto do veículo.

De acordo com o engenheiro mecânico Dennis Hong, professor de Virginia Tech que conduziu a pesquisa, a tecnologia poderá, futuramente, ser usada também em veículos convencionais para incrementar a segurança, entre outras aplicações. Hong afirma que a intenção é desenvolver a tecnologia para comercialização. Pondera, porém, que isso só irá ocorrer quando for provado que o produto é 100% seguro.

Membros das associações de cegos dizem que ainda levará muito tempo para que a sociedade aceite o potencial de motoristas cegos. Mais do que tudo, alegam, a iniciativa é parte de uma missão maior de mudar a maneira como as pessoas veem os cegos.

Fonte: Zero Hora

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